Ainda no Festival do Livro, no CDC Tide Setubal, tivemos a oportunidade de expor o conjunto de pequenos painéis, que forma uma instalação, que os Jovens desenvolveram durante alguns meses.
Iniciamos as atividades sem imaginar o quanto a turma iria gostar, depois de apresentar algumas técnicas de Pintura, como Luz, Sombra, Volume, Textura, Movimento e Mistura de Cores, percebemos que daria para desenvolver algo um pouco maior.
Resolvi então, adquerir 30 telas de 30x30cm, para que cada um pintasse a sua, da forma que preferisse, porém ao colocarmos todas juntas no chão, resolvemos fazer com que todas juntas, se tornassem uma.
Com inspiração em uma obra que a Educadora conheceu no Memorial do Imigrante, começamos os esboços, montavamos, desmontavamos, desenhavamos, apagavamos, e todos juntos como se fossem um só artista pintaram o Painél de 1,80 x1,50cm.
O Sucesso não está no resultado, mas no processo...
Ficou durante dois dias no Palco do CDC e agora vamos buscar outros locais para abrigar esse trabalho.
Montei um video, meu primeiro, com a intenção de apresentar esse processo.
Parabéns turma.
ResponderExcluirVendo o vídeo me emocionei e lembrei desse texto:
O BRILHO DOS SEUS OLHOS
Nada é mais revelador do aprendizado que o momento em que o que se ensina se transforma em outra coisa.
Numa reunião pedagógica, em que o tema era algo como “De que forma é possível avaliar o aprendizado dos alunos?, e quando todos os professores buscavam uma definição teórica e abrangente para dar conta dessa questão irrespondível, o Mauricio não titubeou: “ Pelo brilho nos olhos!”
Enquanto fui a sua aluna, meus olhos devem sempre ter brilhado. Mas foi como sua colega de trabalho que aprendi que nada define melhor o trabalho de um professor do que esta frase. A verdade é que muitas teorias, reuniões e discussões depois, depois se não estiver subjacente à teoria que se acredita, a ideia simples de que ensinar é amar quem aprende a amar o que se ensina – ideia que aprendi com ele -, não há maneira possível de praticar o ensino.
Pode-se criticar essa noção por ela ser excessivamente idealista, exagerada, reducionista, apolítica. De que outra profissão se exige amor ou se espera o “brilho nos olhos” do receptor? O que se espera é competência, concentração e certo talento. Esperar o “brilho nos olhos” seria , talvez, uma forma de alienação pelo trabalho. Como se o trabalho fosse um substituto da própria vida. Mas, diante do aprendiz, essas objeções não importam muito. Quem o conheceu sabe que, para ele, a educação era sim um envolvimento da vida, para a vida, com a vida. Quem aprendeu com ele experimentou o brilho nos olhos; quem aprendeu com ele certamente vive melhor, porque sabe que está aprendendo alguma coisa quando sente os olhos brilharem.
Os olhos não brilham somente pelo fascínio com o outro; com a qualidade e a quantidade do saber do outro. Eles brilham mais e principalmente quando o sujeito sente em si mesmo uma faísca, vinda do conhecimento do outro, que está prestes a deflagrar uma fogueira no próprio aprendiz. O brilho acontece no momento em que o aprendiz aprende. O brilho é uma iminência. Algo está acontecendo com quem aprende. E nada é mais revelador do aprendizado do que o momento em que o que se ensina se transforma em outra coisa. Aprender não é compreender o que se ensina; é transformar o que se aprende.
O ensino, não é mesmo um assunto de competência e realização, porque ele se pratica em todas as profissões, não somente na educação. E, por falar a verdade,não somente nas profissões, mas todos os dias, com todas as pessoas com quem convivemos e nas coisas que fazemos. Ver os olhos do outro brilharem é um assunto de vida e o aluno viveu isso. Hoje, quem quer que se lembre dele, ainda sente os olhos brilhando. E porque a iminência constante de que algo está se transformando. Lembrar dele não é fixá-lo no passado. É saber, novamente, que o presente está em movimento.
Por Prof ª Noemi Jaffi
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